O choque reverso do petróleo
A semana começou com um choque reverso do petróleo: em vez de disparar, como aconteceu nos anos 1970 e 1980, a cotação do barril despencou quase um terço em um só dia. A Arábia Saudita cortou seus preços em retaliação à Rússia, que não topou cortar a produção para segurar os valores, em declínio provocado pelas projeções de desaceleração globa. No mercado financeiro que já vinha estressado com as perdas causadas pelo coronavírus, o combustível barato incendiou o pânico.
Curto circuito nas bolsas
Foi preciso acionar por quatro vezes na semana o circuit breaker, mecanismo que paralisa a bolsa de valores. O freio de arrumação é acionado quando a queda passa de 10%. Na segunda, por choque do petróleo, na terça, com admissão de pandemia pela OMS e na quinta-feira, depois da restrição a receber passageiros europeus em voos que cheguem aos EUA anunciada por Donald Trump, houve uma parada de meia hora, seguida por outra, de uma hora, depois que o tombo passou de 15%.
Pílulas de PIB
Para acalmar o mercado, o Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) garantiu liquidez (conversão de ativos em dinheiro) de até US$ 5 trilhões. Isso é um quarto do PIB dos EUA e mais de duas vezes o do Brasil. Essa oferta mostra que o Fed está disposto a impedir um problema de travamento do crédito que agravou a crise de 2008. Mas até o superpoderoso BC dos EUA foi obrigado a elevar a dosagem do remédio contra a crise financeira do coronavírus, porque uma "pílula" de US$ 1,5 trilhão anunciada antes não havia provocado o efeito esperado.
Pílulas de 13º
No Brasil, em contraste com o poder de fogo de outros países que adotaram medidas para proteger suas economias do impacto do coronavírus, o governo anunciou antecipação de metade do 13º dos aposentados do INSS. A gota d'água no deserto de providências provocou críticas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Mais (DEM-RJ) e suscitou promessas do ministro da Economia, Paulo Guedes, que anunciou ter outras 20 iniciativas prontas para apresentação.