O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
O governo Donald Trump volta a expor sua face protecionista ao retirar parceiros como o Brasil de lista de países em desenvolvimento. Ou seja, na hora de defender seus interesses comerciais, os Estados Unidos deixam em segundo plano eventuais proximidades ideológicas. Desde que assumiu a Presidência, Jair Bolsonaro vem exaltando a postura de Trump à frente do governo americano.
— Os Estados Unidos tentam proteger a economia em ano eleitoral. É algo horizontal, não é voltado só ao Brasil. Trump já está em campanha. Isso pode ser uma barreira a mais na hora de fechar acordos — pontua o economista Marcos Lélis, professor da Unisinos.
Ex-secretário de Comércio Exterior, o consultor Welber Barral classifica a decisão como "sinal político importante", mas não vê riscos imediatos para as exportações brasileiras. Segundo ele, o principal temor é no longo prazo, já que o status de nação em desenvolvimento garante benefícios na hora de negociar novos acordos com os americanos.
Para Barral, a decisão reforça a ideia de que países "não têm amigos, mas, sim, interesses".
— É um sinal importante porque os Estados Unidos mostram que querem rediscutir o conceito de países em desenvolvimento — comenta o consultor.