Deu certo a estratégia do Banco Central (BC) no dia em que o mercado financeiro voltou, de ressaca, do feriadão de Carnaval. Antes da abertura das negociações, o BC anunciou leilões extraordinários de US$ 1,5 bilhão em swap cambial (contrato que prevê proteção contra variações cambiais sem incluir troca de moeda) para esta Quarta-feira de Cinzas e para o dia seguinte. Ao contrário da bolsa, que despencou 7% – redondinhos, depois do leilão final –, o dólar teve comportamento de dia normal: subiu "só" 1,16%, para fechar em R$ 4,444.
Embora tenha subido, como se esperava, nem de longe a arrancada do dólar é proporcional ao declínio da bolsa de valores. O mercado financeiro nacional concentrou em um dia a forte reação nas principais praças à expansão dos focos de coronavírus na Europa, que marcou os dois primeiros dias úteis da semana. As bolsas de valores mais representativas tiveram comportamento compatível com períodos de crises financeiras globais, com quedas superiores a 4% na Europa e a 3% nos Estados Unidos.
Nesta quarta-feira (26), a maioria das bolsas internacionais andou de lado. Na Europa, só Milão teve alta mais substancial, de 1,44%. Londres (0,35%) e Paris (0,09%) tiveram altas discretas e Frankfurt se manteve em baixa leve, de 0,12%. Nova York também chegou a abrir em leve alta, mas não conseguiu se manter em terreno positivo, encerrando o dia em baixa de 0,46%. O contágio chegou aos preços de matérias-primas básicas que têm consumo associado ao ritmo de crescimento, como petróleo e minério de ferro.
No Brasil, além da retomada das operações do mercado financeiro, o dia foi marcado pela confirmação do primeiro caso de doença por coronavírus no país – o primeiro da América Latina. A reação negativa do mercado também foi agravada pela repercussão do mal-estar instalado em Brasília com o aparente apoio do presidente Jair Bolsonaro a uma manifestação contra o Congresso.