Bastou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encerrasse seu breve e moderado pronunciamento sobre a retaliação iraniana ao ataque ordenado por ele na última quinta-feira (2), para que a cotação do petróleo, que já vinha em queda, acentuasse o movimento para um declínio superior a 2%. Apesar de ter usado adjetivos pesados contra o general morto na ação, Qassem Soleimani, o que deve ter irritado o governo e a população do Irã, Trump não falou em resposta bélica e ainda assegurou que os EUA querem paz.
O preço do petróleo, que já recuava 1,6%, para US$ 68,84, acentuou a queda. Logo após a fala de Trump, baixava 2,21%, para US$ 68,11 por barril. No Brasil, o dólar cede 04%, para R$ 4,05, enquanto a bolsa de valores ensaia um suspiro de alívio, com levíssima variação positiva (0,08%), seguindo o bom humor em Nova York, que avança, embora com discrição, 0,68%.
A retaliação do Irã havia sido a menos pior possível diante do cenário de risco, por suavizar, ao menos momentaneamente, as inquietações sobre uma escalada de conflito com consequências imprevisíveis. Trump surpreendeu novamente, assim como havia feito no tuíte publicado na noite anterior, logo depois da ação iraniana.
(Tradução: Está tudo bem! Foram lançados mísseis do Irã em duas bases militares localizadas no Iraque. Avaliação dos danos e das vítimas realizada agora. Por enquanto, tudo bem! Temos as forças armadas mais poderosas e bem equipadas do mundo! Farei uma declaração amanhã de manhã.)
A escolha por um ataque frontal e convencional, conforme análise do colega Rodrigo Lopes, pode ser considerada um ato de guerra, mas não teve mortes e não usou o recurso mais temido que o Irã tem à sua disposição, a destruição "terceirizada" a organizações terroristas. Houve uma queda de avião no Irã horas depois da ação "oficial", mas até agora não há sinais de que possa haver conexão com os grupos paraestatais.
Uma das dúvidas, dado o dano apenas material sofrido pelos Estados Unidos, era se a resposta seria considerada suficiente pelo Irã. Conforme declarações do ministro das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, as medidas de represálias foram "proporcionais" e que seu país "não busca a guerra" com os EUA. É verdade que, em se tratando do Irã, tudo é possível. Mas o mercado de petróleo, formado por observadores atentos da situação no Oriente Médio, respira aliviado. Ao menos, até agora.