Depois de apresentar um pedido de recuperação judicial em 24 de junho passado, a Paquetá Shoe Company, empresa que atua na produção e venda de calçados no varejo, ainda não conseguiu aprovar o acordo com os credores que permite a retomada do pagamento de débitos que totalizam R$ 638,5 milhões. A calçadista foi uma das beneficiadas pela redução na cobrança de ICMS anunciada pelo governo do Estado na última sexta-feira.
Conforme o advogado da empresa, Márcio Carpena, o plano de recuperação chegou a ser apresentado aos credores. No entanto, não houve adesão da totalidade dos detentores de dívida, o que levou à impugnação da proposta. Como preveem as regras, agora terá de ser convocada uma assembleia-geral, provavelmente entre março e abril de 2020, na previsão do advogado.
– Os credores vão se reunir para deliberar e negociar com a empresa um novo plano, com deságio sobre o total da dívida e alongamento do prazo de pagamento. Isso deve ocorrer ainda no primeiro semestre, entre março e abril. A data ainda não está definida, mas está tudo correndo dentro da normalidade.
Conforme o advogado, desde o pedido de recuperação judicial, os indicadores econômicos da Paquetá melhoraram. Nas 148 lojas próprias e 86 franquias espalhadas pelo país, ocorreu alta de 22,3% nas vendas de Black Friday em relação ao ano anterior e crescimento de 40,3% do fluxo de clientes nos pontos de venda, também na comparação com 2018. Durante o ano, as marcas Dumond e Capodarte ganharam 23 novos franqueados, e há ainda 27 em negociação para o próximo ano. Essas grifes tiveram aumento de 7% da receita ante 2018.
O faturamento geral da empresa, detalha Carpena, cresceu cerca de 10% em novembro, em paralelo ao do mesmo período de 2018. Na área de "private label" esportivo – a Paquetá produz tênis das marcas Adidas e Aisics –, a receita também avançou cerca de 10%, sempre ante o ano anterior. Segundo o advogado, quase todos os fornecedores continuaram a abastecer a indústria e as lojas multimarcas, inclusive dando prazo para pagamento. Na sua avaliação, é um sinal de confiança na recuperação da empresa.
A Paquetá fatura cerca de R$ 1,3 bilhão ao ano, tem 10.250 funcionários e 11 fábricas, além das redes de varejo. Pouco antes de pedir recuperação judicial, havia demitido 600 empregados, como parte do plano para enxugar o negócio. Além da planta da República Dominicana, outra em Chivilcoy, na Argentina, teve atividades encerradas.