Era tão ruim a ideia de ter apenas a presença do embaixador do Brasil em Buenos Aires, Sergio Daneses, na posse do novo presidente da Argentina, Alberto Fernández, que o presidente Jair Bolsonaro recuou. De novo. Mas ainda bem. A ausência do governo brasileiro, nesta terça-feira (10), reforçaria a deterioração da imagem do Brasil no mundo diplomático e, por extensão, dos negócios internacionais.
Ao esnobar um importante parceiro comercial, com o qual importantes segmentos da cadeia produtiva têm relação umbilical – com o perdão do clichê, há muita dependência, por exemplo, no setor automotivo –, Bolsonaro reforçaria o discurso de quem teme os sinais de autoritarismo do atual governo brasileiro. E ainda contraria seu próprio pronunciamento na recente cúpula do Mercosul.
Cheia de altos e baixos nos últimos 30 anos, a relação entre o Brasil e a Argentina será submetida a novas turbulências. O risco de haver problemas de pagamentos, adicionais à queda na exportação nacional para o país vizinho é considerável. Mas o enfrentamento dos desdobramentos dessa situação será mais fácil com negociação e mente abertas do que com má vontade e maus modos já no início.