A linha ascendente traçada pelo instrumento financeiro que protege investidores de calotes é clara: explodiu o risco de a Argentina entrar em moratória. Para efeito de comparação, enquanto o risco do Brasil está em 117 pontos, o dos vizinhos se aproxima dos 7 mil, medido pela pontuação dos Credit Default Swaps (CDS), um tipo de seguro contra interrupção dos pagamentos. Como os pontos-base equivalem a uma sobretaxa aplicada em empréstimos ao país, esse indicador sobe quando cresce a probabilidade de o devedor não pagar.
Pelo método do World Government Bonds, especializado na análise desse instrumento, o fato de o risco Argentina ter sido multiplicado por 10 em um ano e ter encostado em 7 mil pontos significam que a probabilidade de moratória chegou a 100%. Será a quarta em quatro décadas, lamenta Fábio Giambiagi, economista-chefe do BNDES e filho de argentinos:
– É digno do Guiness.
Pagamentos de exportações não entram em moratórias, que só atingem credores diretos do governo. O problema é que, no caso da Argentina, o nó no fluxo cambial pode travar transações em dólares. Com reservas líquidas no Banco Central estimadas em US$ 10 bilhões – mais de US$ 30 bilhões contabilizados no total são recursos de empréstimos que não podem ser usados na quitação de dívida –, e sem novas ajudas do FMI, pode falar dólares para pagar a conta da compra dos vizinhos. Esse é o maior risco que os exportadores brasileiros correm a partir da mudança de governo na Argentina.