O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Mesmo com a perda de fôlego da economia mundial, o setor calçadista registra números positivos no Exterior. De janeiro a setembro, as exportações brasileiras subiram 5,6% em volume e 2,6% em receita, frente a igual período do ano passado, aponta a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com sede em Novo Hamburgo.
Economista da entidade, Priscila Linck frisa que o desempenho no cenário internacional compensa, em parte, a fragilidade do mercado interno. Com o auxílio das exportações, a produção do setor caminha para fechar o ano com alta de 3%. Apesar de positivo, o resultado não recupera a totalidade das perdas causadas pela crise econômica, pondera Priscila.
Fora do país, o destaque é o mercado dos Estados Unidos. De janeiro a setembro, os embarques aos americanos subiram 38,4% em volume e 38,1% em receita. Conforme Priscila, o salto nas vendas deve-se a dois fatores. O primeiro é a base fraca de comparação com 2018. O segundo, a guerra comercial. Diante da disputa com a China, os Estados Unidos buscaram mercados alternativos, o que estimulou negócios com países como o Brasil. Em valores, o Rio Grande do Sul é o principal exportador de calçados no país.
– Quando a guerra comercial começou, em 2018, os americanos se fecharam um pouco mais. Depois dessa instabilidade, a disputa estimulou as exportações do Brasil e do Estado. Cerca de 80% do que os Estados Unidos importam do país é de calçados de couro. O Rio Grande do Sul tem viés exportador desse tipo de produto – afirma Priscila.
A guerra comercial teve novo capítulo na sexta-feira (11), com anúncio de trégua entre americanos e chineses. Apesar de ter estimulado as exportações calçadistas, a disputa também provocou riscos. A instabilidade do câmbio é um deles.