O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Oito meses depois de ser apresentada pelo governo Jair Bolsonaro, a reforma da Previdência caminha para seus últimos momentos no Congresso. Espera-se que a proposta seja aprovada hoje, em segundo turno, pelo Senado. Alvo de polêmicas, o projeto é considerado o principal da área econômica na largada do atual governo.
A questão que intriga analistas é o que virá depois da reforma para espantar a herança da última recessão. Ao longo da tramitação da proposta, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, chegou a afirmar que, com a aprovação do projeto, os brasileiros "acordariam no Canadá''. Economistas de diferentes linhas de pensamento destacam que a reforma poderá aliviar as contas públicas, mas, por si só, não resolverá todos os problemas do país, como a demanda ainda fraca por produtos e serviços.
Referência na análise das finanças públicas, o economista Raul Velloso avalia que, passada a reforma da Previdência, é crucial ao governo encontrar alguma brecha para investimentos em infraestrutura. Essa área é vista com potencial de gerar empregos em maior escala e, em consequência, espalhar estímulos sobre o consumo das famílias no país.
– Não adianta querer que a economia se recupere sem investimentos. A reforma da Previdência cria espaço para isso. Devemos aproveitá-la para redirecionar recursos a investimentos, especialmente em infraestrutura – argumenta Velloso.
A estimativa mais recente é de que a reforma provocará economia de cerca de R$ 800 bilhões em 10 anos. A projeção inicial do governo Bolsonaro indicava quantia superior a R$ 1 trilhão.
– No geral, o projeto que está passando pelo Congresso é aquele que poderia ser feito – descreve Velloso.