Há 10 anos, um dos três premiados com o Nobel de Economia anunciados nesta segunda-feira (14), Abhijit Banerjee, disse a um colega brasileiro, Aloisio Araújo, professor de Economia da Escola de Pós-Graduação de Economia da FGV, que gostaria de conhecer uma "favela" – na época, termo usado para descrever as comunidades brasileiras de baixa renda. Foi levado à Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro. Uma vez lá, comentou que, pelos padrões da Índia, seu país de origem, parecia mais classe média do que extrema pobreza.
Na avaliação de Araújo, o prêmio vai ajudar não só a dar visibilidade mas também a financiar estudos e práticas de campo de combate à pobreza, como fazem Banerjee, Michael Kremer e Esther Duflo, segunda mulher a vencer no Nobel de Economia desde sua criação.
– O trabalho deles demostra que os economistas não são tão cegos como as pessoas dizem. Vai chamar a atenção de pesquisadores e doadores – observa Araújo, ele mesmo envolvido em conversas com William H. Gates, mais conhecido como Bill Gates Sr, pai do fundador da Microsoft.
Embora os três vencedores deste ano sejam teóricos de formação, passaram a desenvolver técnicas aplicadas destinadas a reduzir a extrema pobreza. Araújo pondera que o Brasil, considerado um país de renda média, já não é alvo preferencial desse tipo de trabalho, embora o problema esteja longe de ser resolvido.
– Nos últimos anos, o assunto da pobreza extrema despertou muito interesse em Harvard, no MIT. Há filantropos dispostos a financiar pesquisas sobre a forma mais eficiente para que os grandes organismos internacionais, como o Banco Mundial, possam ajudar a reduzir o tamanho do problema. O prêmio demonstra que os economistas estão pensando em novas técnicas para enfrentar a questão – avalia Araújo.
O prêmio mais recente para estudos que envolvem pobreza foi concedido em 2015, para o americano Angus Deaton (EUA). Diferentemente dos demais destaques anunciados a cada ano, o Nobel de Economia não é escolhido pela Academia Real Sueca, mas pelo Sverigebank, o Banco Nacional da Suécia. É o único não definido em testamento pelo criador da homenagem, Alfred Nobel. Foi criado em 1968 para celebrar os 300 anos do banco da Suécia. Destina nove milhões de coroas suecas (o equivalente a R$ 3,75 milhões) para os ganhadores.
Atenção: em breve, você poderá acessar o site e o aplicativo GaúchaZH usando apenas seu e-mail cadastrado ou via Facebook. Não precisará mais usar o nome de usuário. Para saber mais, acesse gauchazh.com/acesso.