Apesar da tentativa de construir uma trajetória menos acidentada para a polêmica reforma tributária, outra vez nem o governo se entende sobre o tema. Depois que o Ministério da Economia quebrou o acordo com a Câmara e o Senado e apresentou as linhas gerais do projeto, incluindo um tributo muito semelhante à CPMF, soou tão mal que o presidente Jair Bolsonaro novamente assumiu a “oposição”:
O plano do ministro Paulo Guedes e do secretário da Receita, Marcos Cintra, parecia genial – ou maquiavélico. Ao propor a “contribuição sobre pagamentos”, novo nome da CPMF, como substituta dos tributos sobre a folha de pagamento, a ideia era quebrar a resistência dos empresários.
Não deu certo. Ao negar a inclusão de uma CPMF ou algo parecido na reforma tributária, Bolsonaro tentou ecoar a rejeição que apareceu no radar do Planalto. A coluna perguntou a alguns empresários se trocariam os tributos que incidem sobre a folha e respondem por cerca de um terço do peso total estimado de 102% do custo extra dos salários. A maioria das respostas foi “não”.
— Desonerar a folha sempre é bom, mas não dessa maneira — resumiu o presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, que tem dúvidas até se é justo que esse custo seja distribuído por toda a sociedade.
Se a reforma da Previdência contou com a diluição do impacto no tempo para diluir também a rejeição, o mesmo não ocorre com o fim das deduções com gastos com saúde e educação no Imposto de Renda. Engatou a largada.