No setor da construção civil, a nova linha de financiamento habitacional com atualização do saldo devedor pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é vista com "ótimos olhos" resume Mauro Touguinha, vice-presidente do Sinduscon-RS. A nova opção é vista como um estímulo ao setor da construção civil, conhecido por ter alto poder multiplicador do investimento. A perspectiva é de que a prestação, para quem contrata financiamento para a casa própria, possa baixar.
Nas contas de Touguinha, a cada ponto percentual a menos – se a média cair de 9% para 8% ao ano, por exemplo –, o valor da parcela fica 9% menor se o prazo de pagamento for de 20 anos. Se for de 25 anos, diminui 11%. Isso significa que, se alguém pagaria R$ 1 mil mensais pelas regras atuais, poderá desembolsar R$ 830 com o novo sistema. O único senão é a própria regra do novo sistema:
a prestação será corrigida pela variação do IPCA, considerado o índice oficial de inflação do país. Se os preços subirem muito, o total a pagar pela casa própria também vai aumentar.
– Pelo menos, vamos todos estar torcendo para a inflação não subir – brinca Touguinha.
Como é um compromisso de cerca de 20 anos – prazo médio do financiamento habitacional –, a falta de previsibilidade da economia brasileira é um desafio, admite o empresário. Agora mesmo, o Brasil está diante da alta do dólar, que pressiona vários preços internos e deve fazer a inflação subir, embora moderadamente, conforme especialistas. Touguinha lembra, porém, que os salários costumam ser reajustados com base em outro índice de inflação, o INPC, o que reduziria o risco de descasar as variações.
Além de gerar muitos empregos na edificação de residências, provoca aumento de vendas
de material de construção e de contratação de serviços. Logo depois, gera venda de móveis, eletrodomésticos, artigos de decoração:
– É uma ação para estimular o setor, que reponde por cerca de 15% do PIB, e vem sofrendo muito, porque o país está em crise há cinco anos. É um setor que recebe o impacto de forma muito rápida. Quem tem medo de perder o emprego desiste de comprar. O fato de baixar o juro dessa forma vai ser grande estímulo.