Depois de tentar encaminhar, nos últimos meses, a aprovação da reforma da Previdência, o governo Jair Bolsonaro deve, enfim, anunciar nesta quarta-feira (24) medida aguardada para dar fôlego ao consumo, que anda enfraquecido no país. Trata-se da tão comentada liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
– O ministro Paulo Guedes não quer botar a mão no bolso do governo para fazer as pessoas consumirem. Por isso, discute-se a liberação dos saques do FGTS – observa o economista-chefe da corretora Necton Investimentos, André Perfeito.
A proposta ganhou força na semana passada. Após idas e vindas, uma das opções que passaram a ser cogitadas é a permissão de retirada de até R$ 500 para cada conta ativa ou inativa na primeira fase dos saques, prevista para setembro. O valor frustrou quem pensava em ter acesso a quantias mais robustas.
– Isso reforça a ideia de que a medida é de fôlego curto. Ajuda, mas não resolve todos os problemas do país – menciona Perfeito.
Nesta terça-feira (23), Guedes afirmou que os saques podem liberar R$ 42 bilhões na economia até 2020. Do total, cerca de R$ 30 bilhões estariam disponíveis até o final de 2019. Ou seja, 71,4% de todos os recursos.
Segundo Perfeito, os R$ 30 bilhões poderiam resultar em incremento ao Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 0,4% neste ano. Para chegar ao número, o economista dividiu a quantia pelo valor do PIB nacional em 2018 (R$ 6,8 trilhões).
– Apesar da possibilidade, o impacto não deve chegar a esse nível. Nem todas as pessoas que podem sacar usarão os recursos para comprar– pondera o analista.
Além de despertar expectativas sobre o consumo, a liberação do FGTS repercute na construção civil – outro motor do crescimento econômico. Representantes do setor temem que a medida transfira recursos que poderiam ser usados para financiamento de imóveis a compras diversas no varejo. O FGTS é importante fonte de financiamento para aquisições no programa Minha Casa Minha Vida.