Esperado desde que foi anunciada a desistência da compra da Braskem pela multinacional LyondellBasell, o pedido de recuperação judicial da Odebrecht, controladora da indústria petroquímica deve ser oficializado ainda nesta segunda-feira (17). A empresa, duramente atingida pelas investigações da Operação Lava-Jato e suas consequências jurídicas e administrativas, com pagamento de pesadas punições, tem dívidas estimadas entre R$ 85 bilhões e R$ 90 bilhões. Isso caracterizaria o maior pedido de recuperação judicial do país, superando o anterior, de R$ 64,5 bilhões da operadora de telefonia Oi.
Só no Brasil, a Odebrecht foi condenada a pagar R$ 2,7 bilhões em multas para compensar crimes cometidos por seus executivos. Também houve cobrança de multas no Exterior. Um dos motivos para o pedido de recuperação foi exatamente a frustração da venda da Braskem, que deveria injetar cerca de 17 bilhões em recursos líquidos nos cofres da controladora. Se o negócio tivesse sido fechado, teria dado confiança aos credores da controladora de as dívidas estavam suficientemente garantidas.
Além de incertezas sobre a política do governo brasileiro para o setor de óleo e gás ainda não removidas pelo governo Jair Bolsonaro, a transação não avançou por incidentes não comunicados ao comprador, como um problema ambiental com uma mina de sal-gema da Braskem em Alagoas, e outro pedido de recuperação judicial de uma empresa do mesmo controlador, a Atvos, que produz etanol.
No mesmo dia do comunicado sobre o fracasso das negociações, começaram as especulações sobre a iminência de um pedido de recuperação da Odebrecht. Como as ações da empresa petroquímica caíram na bolsa de valores, o valor de mercado da Braskem já não superava o total de débitos para os quais serviam de garantia, as chamadas dívidas extraconcursais, estimadas em R$ 13 bilhões. No dia do anúncio da desistência, despencaram cerca de 17%, e não voltaram ao patamar anterior desde então. Nesta segunda-feira (17), estavam cotadas a R$ 34,55, apenas R$ 0,40 acima do fechamento da data do comunicado sobre o fim das conversas.
Apesar do pedido de recuperação judicial da Odebrecht, há certo consenso de que a incerteza sobre o futuro da controladora não afeta as operações da Braskem, que tem finanças sólidas, apesar da redução no lucro relatava no primeiro trimestre.