A bolsa de valores de São Paulo (B3) encerrou a semana com novo recorde. Nesta sexta-feira (21), seu principal índice, o Ibovespa, fechou acima dos 100 mil pontos pela segunda vez na história. Ao final da sessão, confirmou alta de 1,7%, a 102.012 pontos. A máxima anterior havia sido registrada na quarta-feira (19).
Economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini avalia que o desempenho do mercado financeiro espelha, em parte, a "ausência de pontos negativos" na reta final da semana. Segundo Agostini, a expressão descreve, por exemplo, a não criação de novas turbulências pelo governo Jair Bolsonaro.
O que chama atenção é o fato de que o bom humor do mercado financeiro contrasta com o atual momento da economia real, em dificuldades no país. Entre janeiro e março, o Produto Interno Bruto (PIB) –a soma dos bens e serviços brasileiros – caiu 0,2%, alimentando o risco de volta da recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de baixa na atividade.
Agostini ressalta que a bolsa reflete, em parte, expectativas relacionadas ao futuro do país. Apesar dos recentes ruídos protagonizados pelo governo, investidores demonstram confiança com a aprovação da reforma da Previdência, diz o analista.
Para completar o cenário, a sinalização de que países como os Estados Unidos terão taxas de juro menores também beneficiou a bolsa brasileira. Quando há chance de os ganhos ficarem menores em mercados como o americano, abre-se a janela para que investidores demonstrem maior apetite por risco. Ou seja, olhem com mais atenção para países emergentes, como é o caso do Brasil.
– O descompasso entre bolsa e economia real é muito simples. O desempenho das empresas no mercado financeiro é influenciado, em parte, por expectativas futuras. Como há projeção de que a reforma da Previdência beneficiará diferentes setores, o risco de o país entrar em colapso é menor. O momento atual da economia está pesando menos – pontua Agostini.