Esta é a semana dos namoros corporativos desfeitos. Depois da desistência da LyondellBasell de comprar a Braskem, nesta quinta-feira (6) foi a vez de a Fiat anunciar que não será possível a cogitada fusão com a francesa Renault. Logo em seguida, as ações de outra francesa, a PSA Peugeot-Citroën, subiram na bolsa de Paris. A alta nem se sustentou, mas foi suficiente para sinalizar que os destinos de Itália e França na união de montadoras ainda não se separaram totalmente.
– A Fiat-Chrysler precisa de uma solução o quanto antes – explica Raphael Galante, da consultoria automotiva Oikonomia.
O consultor já havia comentado com a coluna que, sem uma parceria, dentro de um ano a Fiat começaria a perder mercado na Europa, que representa 30% de sua vendas.
Entre as causas do fracasso, Galante aponta a resistência do governo francês, mas também
a do japonês, uma vez que a Nissan, com a qual a Renault tem um relacionamento sério, mas está envolvida na investigação sobre a gestão do brasileiro Carlos Ghosn, ficaria "solteira" caso avançasse a fusão Fiat Chrysler-Renault.
– Com certeza, esse resultado é favorável ao grupo PSA (Peugeot-Citroën). A Fiat havia começado a namorar com eles, saiu, foi dar em cima de outro, e agora quer voltar – brinca, sobre as aproximações e distanciamentos corporativos.
No passado recente, a Fiat-Chrysler foi assediada por montadoras chinesas, que ainda não estão fora de cenário, mas como aponta o consultor, haverá uma tentativa das empresas e dos governos de Itália e França de "resolver dentro do bloco", sem suscitar novos temores de invasão asiática que já assombram a Europa.
– Se puder ser resolvidos entre pares, é o que vai acontecer – pondera.
Embora os chineses sigam com apetite, lembra Galante, têm seu próprio ritmo, que pode ser incompatível com a urgência da montadora italiana para resolver seus problemas.
– A Fiat tem problemas para resolver para ontem, precisa de velocidade, e os chineses são o tipo de parceiro que nunca tem pressa. Quem têm são os outros. Eles vão quando querem e como querem, porque têm dinheiro e apetite, mas também muita cautela.