A bolsa já vinha em queda, por causa dos rumores de adiamento da apreciação da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados, quando chegou a notícia da manifestação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pouco antes das 15h desta terça-feira (25). Ele defendeu verbalmente, ainda antes de votar – que o ex-presidente fosse imediatamente liberado da prisão. Houve uma reação intensa, identificada pelo "V" no gráfico acima. As perdas se aprofundaram, e o Ibovespa chegou a perder a marca de 100 mil pontos estabelecida na quarta-feira passada (19) durante alguns minutos.
Depois de idas e vindas, o STF decidira começar a analisar dois pedidos de habeas corpus para Lula. A informação sobre a posição de Gilmar começou a pipocar no WhatsApp de analistas e operadores. Antes de o mercado fechar, o julgamento foi interrompido, deixando uma sensação de incerteza no ar. Diante das duas preocupações políticas, a bolsa fechou apenas 92,95 pontos acima dos 100 mil, resultado de um tombo de 1,93%. No câmbio, a reação não foi tão forte, com o dólar subindo discreto 0,7%. Com a decisão final de manter Lula preso, tomada no início da noite, haverá um elemento surpresa a menos no ar nesta quarta-feira.
Os analistas se dividiram sobre a interpretação dos movimentos da bolsa. Apesar do sincronismo horário entre a fala de Gilmar e o aprofundamento das perdas, alguns relataram que, entre seus clientes, pesou muito mais o adiamento da votação da reforma da Previdência. Outros justificam o nervosismo despertado pela sessão do STF com a perspectiva de piora no clima político do país justo em um período decisivo para a aprovação das novas regras de aposentadoria, principal foco de investidores e especuladores nos últimos meses. Para explicar o maior peso da Previdência, um deles afirmou que "ate o PT é a favor da reforma e, além disso, o Lula não consegue unir a oposição de tal modo que barre a reforma".