Foi outro dia de tensão no mercado financeiro com as idas e vindas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. O dólar fechou com alta de 0,83%, a R$ 3,934, enquanto a bolsa de valores perdeu 1,12%, a 93.275 pontos. Embora a causa objetiva tenha sido o adiamento da votação do parecer do relator Marcelo Freitas (PSL-MG), o que mais perturbou investidores e especuladores foi o cenário.
Ainda ontem, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em meio à tentativa de solução da crise do diesel, afirmara que, se a votação ficasse para a próxima semana, "tudo bem". Depois, começaram trocas de acusações entre deputados da base aliada, especialmente com o líder do governo na Câmara, Delegado Valdir (PSL-GO), que chegou a ser acusado de estar "conspirando" com parlamentares petistas para retirar do texto pontos que desagradavam corporações poderosas em Brasília.
Analistas apontam desarticulação do governo no tratamento da reforma, e com a resistência expressa por líderes do chamado Centrão para que o texto da proposta seja alterado já na CCJ – o correto seria apenas avaliação da constitucionalidade, não do mérito –, temem não apenas uma "desidratação", ou seja, pequenas modificações, mantendo projeção de economia elevada para os cofres públicos. Agora, temem uma "diluição", que seria a preservação de pontos muito básicos na reforma da Previdência.