A confusão da base governista tem irritado um dos principais aliados do Planalto na tramitação da reforma da Previdência: o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR). Membro do partido do presidente Jair Bolsonaro, o deputado afirmou nesta segunda-feira (15) estar perplexo com a falta de estratégia do governo para a aprovação da proposta.
Além disso, criticou a posição da sigla de votar contra si própria para evitar que o fato de a PEC do orçamento impositivo ter sido colocada primeiro para votação fosse caracterizada como uma derrota.
— O que me deixa perplexo é essa falta de estratégia mesmo — disse Francischini.
Ele deixou a sessão brevemente para marcar presença do plenário da Casa. Durante todo o dia, porém, demonstrou irritação _mais com o governo, de quem é aliado, que com a oposição, que tenta obstruir a votação da Previdência.
— É mais uma questão de insatisfação porque a gente poderia estar tendo uma tropa de choque — afirmou. — O que estou irritado é que me cobram uma postura, e não vêm defender na comissão. Estou tomando tiro toda hora e ninguém defende, ninguém contradita questão de ordem.
Francischini chegou a desabafar com deputados da comissão que sente que está sendo cobrado para agir como líder do governo. Depois de um entrevero com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e um deputado da base, ele chegou a deixar a mesa para a vice-presidente, Bia Kicis (PSL-DF).
A deputada petista se inscreveu para falar contra a PEC do orçamento — foi interpelada pelo presidente, uma vez que a parlamentar é declaradamente favorável à votação. A manobra se tratava de parte da estratégia da oposição de discursar ao máximo para alongar o trâmite.
Maria do Rosário argumentou que iria fazer uma "reflexão contrária". Francischini debatia com ela, quando um deputado da base argumentou: "É que se for falar a favor, tem outros na frente."
O presidente da CCJ se irritou:
— Se o governo não se incomoda com as etapas da comissão, está com a palavra, deputada — disse por fim, levantando-se da mesa.
Francischini disse nesta segunda que é o governo que tem de ser responsável pela contagem de votos, e que apenas irá pautá-la. Ele também não quis se comprometer com o cronograma do Planalto, que pretende encerrar a etapa da comissão até quarta (17).