A última semana de fevereiro foi difícil para a economia. Tanto no front da produção, com o desanimador resultado do Produto Interno Bruto (PIB), quanto no mercado financeiro, com más notícias do Exterior e preocupação com o futuro da reforma da Previdência. No chamado lado real, a freada no último trimestre de 2018 espalhou preocupação com a velocidade de crescimento neste ano. Embora todas as apostas ainda estejam bem acima do desempenho dos dois últimos anos, perderam peso.
No mercado financeiro, o balde de água fria com o fatiamento da reforma da Previdência sugerido pelo próprio presidente Jair Bolsonaro na quinta-feira foi reforçado por dados que mostraram a economia dos Estados Unidos mais forte. Isso fez com que o dólar se valorizasse frente a moedas de países emergentes, incluído o real. Por aqui, voltou para o patamar de R$ 3,78, o mais elevado desde 22 de janeiro – ainda assim, um pico isolado, depois do desbaste no câmbio proporcionado pela eleição de Bolsonaro.
Apesar do início movimentado pela estreia de um novo estilo de governar e articular, 2019 só deslancha, de fato, depois da próxima quarta-feira. Dadas as características do início de governo, com mais ruído do que entregas efetivas, será uma boa oportunidade para deixar as alegorias no calendário.
Por alegorias, a coluna entende medidas como a anunciada pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Ao determinar que as escolas convocassem alunos para cantar o Hino Nacional, declamar o lema de campanha e gravar tudo em vídeo, criou barulho sem consequência. Fez o que estava combinado no governo que não seria feito: desgastar o capital político de Bolsonaro inutilmente.
A bolsa, que fechou fevereiro com queda de 1,84%, abriu março com recuo de 1,03%. Janeiro havia sido tão animado que o Ibovespa ainda está positivo ao redor de 8% no ano, apesar da contínua saída dos investidores e especuladores estrangeiros. Para evitar voltar do Carnaval com ressaca, basta voltar ao acertado lá atrás: foco na reforma, contenção de desgaste.