Embora não tenha sido um grande abalo, o Ibovespa piscou logo depois do anúncio de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não irá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, na tarde desta terça-feira (26), para defender a proposta de reforma da Previdência. Do topo do dia, 94.862 pontos, atingido logo após a abertura, o Ibovespa encolheu para 94.292. São 570 pontos a menos, ou 0,6% – nada que abale o indicador, mas registra a decepção. O dólar também teve um repique de alta, mas não muito significativo: de R$ 3,851 para R$ 3,872.
Se a reação ao final do dia será relativamente moderada, como a da manhã, vai depender do que for dito na CCJ. E, cada vez mais, no Twitter de Bolsonaro e de seu entorno. Desde que a proposta de mudanças nas "regras de proteção social" dos militares chegaram à Câmara acompanhadas de um plano de reestruturação para o pessoal da ativa, resultado em uma pífia redução de gastos de R$ 10,54 bilhões, o mercado financeiro vem se inquietando com o futuro do projeto global. Os conflitos entre o entorno de Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) só pioraram a situação.
Na sexta-feira seguinte à segunda-feira em que a bolsa atingiu a marca histórica de 100 mil pontos, pela primeira vez o mercado identificou riscos de que a reforma da Previdência emperrasse, diante dos "problemas de comunicação" do governo federal. Por isso, embora a ausência do ministro tenha sido justificada pelo temor de que o Centrão abandonasse a comissão e o deixasse respondendo apenas a perguntas da oposição, esse era um momento em que enfrentar o debate era necessário, para reforçar o comprometimento do governo com a proposta.