A alta acumulada em 1,95% na cotação do dólar comercial traduz a tensão que dominou a primeira semana completa de fevereiro. A preocupação com o futuro da reforma da Previdência e a saúde do presidente Jair Bolsonaro, somada a projeções de desaceleração da economia global, rendeu dias difíceis no mercado financeiro.
O que deu certo respiro, nesta sexta-feira (8), foi a bolsa de valores. Depois de passar a manhã no negativo, o Ibovespa fechou com alta de 0,97%, em boa parte graças à recuperação de valor das ações da Vale, que subiram 3,77%. A empresa havia perdido um terço do valor de mercado desde a tragédia de Brumadinho.
No front médico, sinais de melhora no estado de Jair Bolsonaro também foram recebidos com alívio por investidores e especuladores. Persistirá, no entanto, ao menos até a apresentação oficial da proposta de reforma da Previdência, a inquietação com prazo e viabilidade de aprovação.
Depois de dois dias de estresse, o aceno do secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, de apresentar a proposta de reforma até 21 de fevereiro, contribuiu para a recuperação de fôlego. Como Marinho condicionou o prazo ao restabelecimento de Bolsonaro, novos boletins médicos relatando melhoras foram bem recebidos.
O desafio da reforma não é simples: passa pela conciliação das divergências internas no governo, pelo equilíbrio entre a ambição do ministro Paulo Guedes e a moderação de Bolsonaro e pela capacidade de apresentar uma proposta palatável ao Congresso.
As dificuldades evidenciadas durante a semana fizeram até com que um Plano B de Guedes fosse ressuscitado. A ideia de liberar o orçamento público das obrigações atuais, forçando os parlamentares a escolher qual verba cortar e qual manter seria a opção à impossibilidade de fazer a reforma da Previdência ideal. Ainda não é uma opção, mas pode se tornar.