As declarações contraditórias de integrantes do governo Bolsonaro ajudaram a levar o dólar comercial de volta ao nível de R$ 3,70. A cotação havia caído com os sinais de que a reforma seria "robusta", como havia afirmado o ministro da Economia, Paulo Guedes, mas voltou a subir com declarações do titular da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e do presidente em exercício, Hamilton Mourão. Nesta quarta-feira (6), a moeda americana subiu 1,1% em um só dia, para fechar em R$ 3,706. Em janeiro, o dólar havia caído para R$ 3,658.
A alta ocorre em um dia em que o humor global também é de aversão ao risco, com novos sinais preocupantes da queda de braço entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Congresso americano em torno do muro na fronteira com o México. A bolsa brasileira passou o dia em queda, que se acentuou no final da tarde, para mais de 3% de declínio, na faixa de 95 mil pontos.
Ao contrário do que o próprio Guedes havia sinalizado, prevalecem as diferenças de opinião entre ele e o presidente Jair Bolsonaro, que costumava falar em reforma mais suave. A falta de consenso do governo sobre qual reforma propor – Onyx chegou a dizer que o projeto será "muito diferente" do que o esboçado e aprovado pelo mercado – inquieta investidores e especuladores.
Além disso, aumentou a probabilidade de que o governo encaminhe uma nova proposta de emenda constitucional (PEC), em vez de aproveitar a enviada pelo ex-presidente Michel Temer. Caso houvesse o reaproveitamento, a proposta saltaria etapas, porque já passou por algumas das comissões de análise. Apresentar um novo texto significa ampliar o tempo até a votação.