*Colaborou Anderson Mello
Um post em rede social de In Hsieh, na quinta-feira, provocou uma onda de expectativa sobre o reforço das operações do Alibaba no Brasil. O CEO da Chinnovation escreveu "Alibaba@Brasil em breve". Desde 2014, a criação de Jack Ma, homem mais rico da China, opera no Brasil com o Aliexpress. Tem tanto interesse no Brasil que se especulou até a compra da parte já privatizada do aeroporto de Viracopos (51%), que se transformaria em um centro logístico da marca no Brasil, seu quarto maior mercado no mundo. A coluna encontrou In Hsieh em Porto Alegre, onde passa parte do tempo, depois de casar com uma gaúcha. Sua empresa estrutura negócios e investimentos entre Brasil e China nas áreas de tecnologia e internet. Segundo Hsieh, o primeiro passo da gigante chinesa no Brasil será a Alibaba Business School, que vai oferecer um curso de alto nível – para empresários e executivos sênior – sobre inovação e gestão. Filho de chineses, Hsieh também já trabalhou na Xiaomi, fabricante chinesa de smartphones, e fez parte da equipe que criou o Submarino, ainda como startup, hoje um dos maiores e-commerce nacionais.
Parceria com o Alibaba
"A Alibaba Business School vai oferecer um curso no Brasil, com instrutores de fora do grupo, para dar mais independência. Será o primeiro fora da Ásia. A ideia é fazer uma única rodada. Será o primeiro negócio, o primeiro contato deles com o mercado local. A Alibaba tem parcerias em outros setores totalmente em aberto. Minha empresa vem fazendo essa ponte de negócio entre Brasil e China nos últimos dois anos. Tanto de lá para cá quanto no sentido contrário. O contato para a parceria nasceu de missões de negócios, em contatos com o Alibaba. O curso será em São Paulo, no início de 2019."
Aprender com chineses
"No ranking das 20 maiores empresas de internet do mundo, nove são chinesas e uma boa parte está focada no mercado local. Quando começarem a internacionalizar, esse ranking vai ter mais empresas chinesas do que americanas. Neste ano, com os investimento em Nubank e a Stone, que receberam dinheiro da Tencent e do Alibaba, a soma dos valores é maior do que os fundos e empresas americanas colocaram aqui. As empresas americanas entram no Brasil abrindo escritório, não investem em empresas locais. Se considerar Skype, Spotify, Netflix, todas as empresas de tecnologia de internet no mundo veem o Brasil como um mero mercado, abrem apenas escritórios comerciais. Alguns chineses estão investindo no Brasil e quando fazem isso, aportam recursos a empreendedores e projetos locais. O que fazem na Índia é interessante para observar do que pode acontecer no mercado brasileiro. Lá, Alibaba e Amazon competem, cada um investe em empresas diferentes".
O e-commerce brasileiro
"Nosso e-commerce ainda é muito parecido com o varejo normal, só que por outro canal. Agora que vemos o uso do omnichannel, a estratégia de cruzar canais, principalmente no Magazine Luiza e, aqui no Sul, a Lojas Renner, começa a melhorar o resultado. Estamos começando a ver o modelo de compra e venda entre empresas e o movimento de marketplace, em que ocorre a venda de estoque de terceiros. Na China, mais de 70% do volume de e-commerce é de marketplace, e o Brasil está começando a ocupar mais esse segmento."
Black Friday chinesa
"Lá é o Single's Day, que ocorre no dia 11 de novembro. Neste ano, só o Alibaba gerou
US$ 30 bilhões em vendas. Não é só um dia de descontos, também há comemoração,
com atrações e shows. Os solteiros se presenteiam. Lá, aproveitam essa data para lançar inovações tecnológicas. É um espetáculo, não só um dia de descontos. Aqui no Brasil, a Black Friday, apesar de ser um dos principais dias de vendas do comércio brasileiro, pode acabar com as margens de lucro de outras datas, se o planejamento não for bem feito, já que as pessoas aproveitam para antecipar as compras."
Cenário gaúcho de inovação
"Tem muito potencial, universidades que formam mão de obra qualificada. Também tem o hábito de agregar novos participantes em um mercado qualificado. A iniciativa da Porto Alegre 2020 começa a agregar participantes, o que não se vê muito em outros lugares do país. As empresas locais costumam ir para outros Estados e Exterior, têm perfil de inovador. Vejo que o Rio Grande do Sul tem uma ligação muito forte com a China por causa do agronegócio e do intercâmbio de estudantes."