Não faltaram alertas de que o novo governo federal eleito enfrentaria o maior desafio na economia das últimas décadas. Mas a combinação entre a hesitação do presidente eleito sobre a reforma da Previdência e o buraco previsto nas contas de 2019 começa a tentar legitimar uma saída que será negada até a véspera de sua vigência: aumento de impostos.
Para impedir que a dívida pública do país siga crescendo, só há dois caminhos: reformas que cortem ao menos vantagens e privilégios ou aumento de impostos. Essa alternativa foi encaminhada pela atual equipe do Ministério da Fazenda ao grupo de transição de Jair Bolsonaro.
Conforme o jornal Valor Econômico, entre as alternativas de elevação de tributos, está a criação de uma alíquota adicional de 35% no Imposto de Renda para quem recebe acima de R$ 300 mil – não ao mês, mas ao ano. Também aparecem a tributação de aplicações financeiras hoje sem tributação, como as letras de crédito agrícola e imobiliário (LCAs e LCIs), e a elevação de cinco pontos percentuais na tributação regressiva de aplicações financeiras.
É claro que a proposta está sendo encaminhada pela equipe que sai, não pela que entra. Mas é bom lembrar que o futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu acabar com os sucessivos déficits no orçamento em um ano. Os instrumentos com os quais acenou resolver o problema, privatizações e venda de imóveis da União, exigem muito tempo para apresentar resultados significativos. Adivinhem o que é mais rápido? Bater no bolso do contribuinte. Ainda é só uma ameaça. Mas é melhor ficar de olho.