As ações da estatal Eletrobras na bolsa de valores caíram 5,2%, nesta sexta-feira (30), por conta da indicação do almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior para o Ministério de Minas e Energia. Costa Lima é diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha e fã do projeto do submarino nuclear, estimado em mais de R$ 30 bilhões.
O aspecto mais positivo da indicação é sair do bloco de influência de Edison Lobão, que controla nomes e cargos neste ministério há mais de duas décadas, com maus resultados.
Estarão no organograma do almirante as duas estatais em situação mais delicada do Brasil. Com dívidas ao redor de R$ 45 bilhões – superior ao valor total previsto do submarino –, a Eletrobras está virtualmente quebrada. Sua melhor chance de sobrevivência, a privatização, anunciada há um ano, não avança por pressões políticas.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, tem afirmado que não quer privatizar a área de geração de energia por considerá-la "estratégica" – visão que predomina entre militares. Embora a dívida da Petrobras seja ainda maior – cerca de R$ 300 bilhões –, a estatal do petróleo está em melhor forma do que a de energia. Acumula lucro de R$ 23,6 bilhões de janeiro a setembro e não é mais vista como insolvente, como chegou a ocorrer no auge do escândalo da Operação Lava-Jato. Mesmo assim, é claramente a joia da coroa do plano de privatizações do futuro superministro da Economia, Paulo Guedes. Sem contar que é alvo de uma polêmica inflamável relacionada à política de preços dos combustíveis.