A intenção do governo de privatizar a Eletrobras animou investidores nesta terça-feira (22). Os dois principais papéis da estatal negociados na bolsa subiram 49,3% (ELET3) e 32,1% (ELET6) e levaram o Ibovespa a ultrapassar os 70 mil pontos pela primeira vez desde 2011, depois de alta de 2,01%. Mais do que bons negócios à frente, parte dos analisas vê a remoção de um grande risco.
– O fato de o governo perceber que precisava tomar uma atitude para salvar a Eletrobras é melhor do que deixar falir de fato – diz Rafael Herzberg, consultor na área de energia que vinha alertando para a desarrumação no setor.
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Longe de ser um entusiasta de privatizações, Herzberg não descarta "erros que certamente serão cometidos" durante o processo, que pode não ser tão transparente quanto seria necessário.
– Privatizar a Eletrobras é o único caminho que existe hoje. A alternativa é ir à bancarrota, como já estava se encaminhando.
Entre os motivos apontados para o entusiasmo dos investidores com a venda de ações da estatal está o fato de melhorar a gestão no setor elétrico. Como o governo anunciou que o modelo deve ser semelhante ao da Vale, é bom lembrar que a alta gestão da mineradora passa pelo Planalto, mesmo com requisitos mais exigentes do que os das estatais.
Outro risco que Herzberg não descarta é de alta na conta de luz dos consumidores, tanto industrias quanto residenciais. O próprio governo anunciou que pretende eliminar uma restrição de cobrança de tarifa cujo efeito líquido será alta de preço. Acena com compensação na redução de encargos setoriais, mas os brasileiros que já viram esse filme sabem dos riscos embutidos.