A venda para a holandesa Vitol de 50% da distribuidora de combustíveis RodOil, de Caxias do Sul, surpreendeu quem acompanhava os ambiciosos planos da empresa para ocupar espaço em um mercado concentrado. A empresa tem 300 postos com sua marca no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de mil sem bandeira cadastrados para compras eventuais de combustíveis. À coluna, o presidente-executivo da empresa, Roberto Tonietto, relatou que a RodOil estava sendo "assediada" com propostas de compra. Segundo o empresário, só neste ano foram três propostas que tiveram negociações iniciadas.
– Quando apareceu a Vitol, fechou não só a parte financeira, mas a mesma visão estratégica. Resolvemos que, com um sócio desse porte, a consolidação (união de várias em uma só, por fusão ou aquisição) seria mais rápida – detalha Tonietto.
A avaliação de mercado das duas empresas parte do princípio que, com a proibição da compra da Ale pela Ipiranga pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade, órgão que regula a concorrência
entre empresas), no ano passado, a concentração de mercado entre as três grandes – BR, Ipiranga e Raizen – não será mais admitida. Sobraria espaço, assim, para uma consolidação do que o empresário chama de "segundo pelotão",
onde está a RodOil.
– Isso também chamou atenção do mercado internacional, que vê o Brasil como o sexto maior consumidor mundial de combustíveis, onde o consumo deve superar a produção porque há pouco ou nada de investimentos em refinarias – detalha.
Neste ano, adianta Tonietto, o crescimento da RodOil ainda deve ser orgânico (abertura de novos postos próprios, sem compra ou fusão de redes), porque todos estão "com um pé atrás por questão política":
– Não se sabe se vai ter mais ou menos intervenção no setor, como vai ficar o subsídio do diesel. Vamos esperar para ver como vai ficar e consolidar a presença no Sul, depois crescer em espiral, em ondas, rompendo barreiras geográficas para o Sudeste e o Centro-Oeste.
A única mudança de gestão na RodOil, até agora, foi no conselho, que terá três integrantes dos sócios originais mais três da Vitol. A sede permanece em Caxias do Sul. Tonietto segue no comando por um período mínimo de quatro anos, conforme o contratado. O empresário afirma que existem cláusulas no contrato que permitem futuras negociações de participação, desde que sejam de comum acordo entre as partes. Indagado sobre o futuro
do preço da gasolina, Tonietto avalia:
– A gasolina lá fora está batendo todos os recordes, está subindo muito no mercado internacional. Agora, o dólar deu uma baixada boa, pode ficar estável nos próximos dias.
O que vai determinar o preço da gasolina no curto prazo é a eleição.