Um grupo de pesquisadores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina detectou categoria especial nas estatísticas de desemprego. Há uma proporção expressiva de jovens entre 22 e 29 anos diplomados, desinteressados em trabalhar ou desempregados. É a geração 3D, na definição dos autores, que alcançou fatia de 16,5% dessa faixa etária no Brasil. O estudo mostra que os motivos do fenômeno vão da crise econômica a novos hábitos, como continuar morando com os pais – que reduz a pressão na busca por emprego –, passando por menor qualidade da formação em instituições de Ensino Superior.
Doutor em economia e professor da UFPel, Felipe Garcia detalha que o nome Geração 3D é uma espécie de evolução do "nem-nem" usado pelo IBGE para definir quem não estuda nem trabalha. A expectativa, claro, era criar um nome interessante para suscitar a discussão.
Em 1995, de 782,5 mil jovens formados, pouco mais de 10% faziam parte desse grupo. Até 2015, houve aumento de cerca de 400 mil jovens nessa situação, alcançando 16,5% da população entre 22 e 29 anos – aumento de 65%. Além de Felipe, Marcos Wink Junior, Thais Niquito e Ândrea Bergmann apontam outras possibilidades para a expansão dos 3D. Uma é renda não derivada do trabalho formal. Outra é a escolaridade do (a) chefe do domicílio: quanto maior, mais desinteressados pelo mercado de trabalho ou desocupados.
Estudantes de zonas rurais são os que têm maior dificuldade de conseguir emprego. A região com maior proporção de 3D é a Nordeste, seguida da Norte, onde um em cada cinco jovens diplomados não consegue trabalho. O Sul é a que mais absorve esse público, que tem menor percentual da combinação (12%).
– A dinâmica do mercado de trabalho do Sul é melhor, com economia mais aquecida e um dos menores índices de desemprego do país – afirma.
Garcia avalia a entrada de um quarto "d" em próximas pesquisas: seria o dos "deslocados", que estão atuando em área com pouca relação com a área de formação.
*Com Anderson Mello