Depois do susto no mercado de câmbio com o rumor de que o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, não aceitaria permanecer no cargo em um eventual governo Jair Bolsonaro (PSL), abriu-se a temporada de especulações para o posto – e para o futuro do BC. Um dos movimentos partiu de “pessoas próximas” de Ilan, que trataram de dizer que não há decisão tomada porque não há convite formulado para permanecer. Nessa versão, a promessa do PSL de dar autonomia ao Banco Central foi apontada como atrativo para eventual permanência.
Coincidência ou não, no novo programa protocolado nesta semana pelo candidato do PT, Fernando Haddad, o Tributral Superior Eleitoral (TSE), aparece a previsão de “manter a autonomia” do BC. Também há um recuo na proposta de “duplo mandato” – inflação e emprego. Agora, só há menção para que a instituição “permaneça atenta” ao mercado de trabalho. Tardio, o esperado “aceno ao mercado” de Haddad ainda é tímido e não deve alterar as preferências de investidores e especuladores.
A dúvida sobre a permanência de Ilan abriu a temporada de especulações para o BC e outros postos econômicos, focadas na vitória de Bolsonaro. Para o BC, o nome mais conhecido nas apostas é o de um ex-diretor da instituição, Luiz Fernando Figueiredo. Antes da definição do segundo turno, Figueiredo afirmara que o risco da volta do PT ao governo era maior do que o representado por Bolsonaro. Além dele, são citados executivos de bancos privados, de operadoras de telefonia e até um diretor do Bozano Investimentos, banco presidido pelo guru de Bolsonaro, Paulo Guedes.
Contido por incertezas quanto ao futuro das investigações sobre o financiamento empresarial de mensagens de WhatsApp em favor de Bolsonaro e inquietação externa, o mercado financeiro encerrou a semana com pequena alta na bolsa (0,44%) e leve recuo no dólar (para R$ 3,715). Mas engatou a quinta semana consecutiva de baixa no câmbio, motivado pela perspectiva de vitória com folga do candidato do PSL no segundo turno. Outra fonte de inquietação é sobre a queda de braço entre a equipe de economistas e a dos militares.