Empresário que sempre teve participação política ativa, Jorge Gerdau Johannpeter preferiu a discrição durante o processo eleitoral. Tanto, que chegou a ser dito que estava "recluso". Nesta terça-feira (30), participou do evento Brasil de Ideias, da revista Voto, e aceitou falar rapidamente com a coluna sobre como está vendo os primeiros movimentos do futuro governo.
Futuro governo
Os sistema políticos históricos foram todos revisados pelos eleitores. Estamos vivendo outro momento com a nova coordenação do Executivo e do Legislativo. Ouvi do ministro Jobim (Nélson, ex-ministro da Justiça) que o sistema da liderança dos partidos de negociar com o Executivo e os partidos se organizarem para fazerem o enfrentamento das mudanças e reformas tem de passar pela competência da coordenação. A população, com maioria significativa, deu sinal para os conceitos que o (presidente eleito, Jair Bolsonaro estabeleceu. Os políticos vão ter de se ajustar para atender a essa expectativa. É uma mudança comportamental muito complexa. Temos reformas complexas que podem parecer impopulares, mas, no fundo, o grande beneficiado é o povo. As estruturas de aposentadoria privilegiadas das corporações são insustentáveis. Temos de dialogar com as lideranças sindicais para trabalhar junto para criar uma Previdência sustentável.
Contradições internas
A Previdência já é um tema complicado, o que todo mundo tem de entender é que precisa ser feita. Quando a sobrevida começa a crescer, no caso do Rio Grande do Sul chegando a 77/78 anos, exige que a capacidade de pagamento esteja no número de anos que podemos sustentar. Não deveria nem fixar o número de anos, temos de nos ajustar à evolução. O mundo dos investidores está observando o que o Brasil vai fazer sobre isso, porque a nossa noção de equilíbrio fiscal passa diretamente pela Previdência. Se acertarmos, podemos ser o paraíso do investimento mundial. Quando cai no debate político, vira demagogia. O tema tem que ser tratado com muita seriedade, respeito e análise das realidades.
Privatizar tudo ou algo
Tem muita coisa a privatizar. Mas vamos começar, aí o pessoal vê como é bom, porque não temos de pagar os prejuízos com o dinheiro do bolso do contribuinte. A população vai ver que, para seu maior interesse, é bom privatizar ao máximo. O mais evidente talvez seja a telefonia, que também a fiscalização não funciona satisfatoriamente, mas tudo é aprendizado. Ao não ter de bancar prejuízos, sobra mais dinheiro para o investimento do governo.
*Com Anderson Mello