O apetite do brasileiro pelo consumo, que já não era voraz, encolheu um pouco mais em outubro. O índice de Intenção de Consumo das Famílias da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) recuou 0,3% neste mês em relação a setembro, depois de duas altas consecutivas. Na escala de zero a 200 pontos, outubro atingiu 86,7 – ainda abaixo da metade. Em relação a outubro de 2017, a intenção de compra até deu um salto de 11,3%.
Segundo a entidade, a liberação de recursos do PIS ajudou nas vendas, com os R$ 10,3 bilhões injetados na economia com o total sacado em agosto e setembro. Isso fez com que a CNC revisasse de 4,3% para 4,5% a estimativa de crescimento do setor no ano. Foi a primeira retificação positiva desde a greve dos caminhoneiros em maio.
O economista Antonio Everton Chaves reforça que as famílias ainda estão reticentes em relação à intenção de consumo, em decorrência da lenta recuperação do mercado de trabalho, dos juros ainda altos para o consumidor, do endividamento e da alta do dólar.
– As famílias não querem comprar bens duráveis porque custam caro e não querem se endividar, por receio de perder o emprego com o cenário incerto de 2019 – afirma.
Além disso, explica o vaivém na vontade de gastar do consumidor, já que o índice passou por várias oscilações no ano. Segundo Chaves, 2018 começou com sinais de que a crise poderia ser deixada para atrás ainda neste ano, o que não se confirmou.
– O otimismo não se confirmou. Ao longo do ano, houve a crise causada pelos caminhoneiros, e a leve subida da inflação também fez com ocorresse oscilação – diz.
Em relação ao ano passado, a pesquisa também aponta que o nível de consumo aumentou, o que pode ser um sinal de melhor distribuição de recursos no orçamento das famílias, avalia Chaves.
*Com Anderson Mello