Foi mais um dia de sobe-e-desce no mercado financeiro, coalhado de boatos relacionados a pesquisas eleitorais. Na manhã desta terça-feira (25), o dólar superou a cotação de R$ 4,13, em sinal de estresse atribuído ao temor despertado pela polarização apontada no mais recente levantamento do Ibope. No entanto, durante a tarde a trajetória foi invertida, e a moeda americana fechou em baixa de 0,12%, para R$ 4,083.
A bolsa de valores fez praticamente o mesmo percurso no sentido inverso. Abriu em forte baixa, encostou em 77 mil pontos, mas encerrou o dia com alta de 0,8%, passando de 78,6 mil pontos. Oficialmente, a mudança de humor foi atribuída por novas interpretações da pesquisa do dia anterior e por alívio externo. De fato, o dólar perdeu força frente a várias moedas de países emergentes.
A virada também foi atribuída, nos bastidores, a boatos sobre resultado de pesquisa menos tradicional que será divulgada na quarta-feira, mas cujos resultados, que relativizariam os dados do Ibope, teriam vazado. Nem mais um cancelamento de compromisso público de Paulo Guedes, coordenador econômico da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), parece ter abalado investidores e especuladores. Nesta terça-feira, Guedes faltou a um debate promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Não parece ter pesado no humor do mercado nem o agravamento da situação política e econômica na Argentina, com a renúncia do atual presidente do Banco Central, Luis Caputo, no dia em que os sindicatos locais convocaram uma greve geral. Conforme jornais locais, como Clarín, o governo de Mauricio Macri avaliou a saída de Caputo como uma iniciativa em "péssimo momento". Seu substituto já foi definido: é Guido Sandleris, atual secretário de Política Econômica do ministério da Fazenda. A queda do presidente do BC foi atribuída a uma disputa entre Caputo e o ministro Nicolás Dujovne, que negocia ajuda à Argentina com o Fundo Monetário Internacional.