Terminaria nesta segunda-feira o prazo para que os interessados em arrematar o controle dos dois complexos de refino que a Petrobras está oferecendo. A pedido dos candidatos, a estatal esticou o cronograma para assinatura do acordo de confidencialidade até 3 de julho. Um dos complexos fica no Sul e inclui a Refap, de Canoas, além da Refinaria Getulio Vargas (Repar), em Araucária (PR). Em nota divulgada nesta manhã, a Petrobras informa que cinco consórcios ou empresas já assinaram o acordo, etapa necessária para seguir adiante no processo, que inclui abertura de dados estratégicos das empresas.
Depois de concluída essa etapa, os interessados terão de apresentar propostas não-vinculantes, isso é, manifestar quanto estariam dispostos a pagar por 60% do capital da empresa formada por duas refinarias e todo o conjunto logístico ligado às estruturas. No Rio Grande do Sul, isso inclui o Terminal Almirante Dutra (Tedut), em Osório, um terminal de apoio em Canoas e uma extensa malha de dutos.
Nessa primeira etapa (confira aqui os detalhes), seria apenas uma proposta sem a obrigação de desembolso. Só depois de mergulhar mais a fundo nas informações sobre o alvo da venda, o que inclui processos de due dilligence (espécie de auditoria), há evolução para a fase de propostas vinculantes, que obrigam o proponente a bancar o valor com o qual se comprometeu.
Depois da intervenção do governo federal na política de preços da Petrobras, para atender às reivindicação dos caminhoneiros em greve, surgiram dúvidas no mercado sobre o interesse de grupos privados em arrematar os complexos de refino. Uma das motivações do alinhamento de preços às cotações internacionais era justamente garantir que o refino fosse atrativo para investidores privados. Na nota da Petrobras, fica explícita a intenção de atrair mais candidatos ao processo de privatização:
"Com a extensão de prazo, além das cinco empresas que já assinaram o acordo até o momento, outras empresas que já manifestaram interesse também poderão participar do processo, ampliando a competitividade."
O valor do negócio é bilionário, tanto que a Petrobras exige que empresas ou consórcios que se candidatarem somem receita anual de US$ 5 bilhões. Estimativas de mercado situam o valor do complexo do Sul, formado por Refap e Repar, mais 12 terminais e todos os dutos, em cerca de R$ 20 bilhões. Sem garantias de como será formado o preço no Brasil, apesar de o Tesouro ter absorvido o custo da redução de R$ 0,46 por litro de diesel, é possível que o negócio tenha dificuldades para encontrar um número maior de interessados.