E o tuíte do dia de Donald Trump vai para... o próprio pé. Depois de aterrorizar fabricantes de aço e alumínio de todo o planeta, com exceção de seu país, e de iniciar uma guerra comercial contra a segunda maior potência econômica, a China, o presidente dos Estados Unidos agora ameça um ícone americano. Em tuíte disparado nesta terça-feira, Trump ameaçou "taxar como nunca antes" a fabricante das míticas motos, acusando-a de usar a disputa comercial crescente como desculpa para justificar mudanças planejadas na produção no Exterior.
"A Harley-Davidson nunca deve ser construída em outro país – nunca! Seus funcionários e clientes já estão muito zangados com eles. Se eles se mudarem, veja, será o começo do fim – eles se renderam, eles vão desistir! A aura se vai e eles serão taxados como nunca antes!", escreveu Trump (em inglês, é claro) em sua conta no Twitter, com seus costumeiros pontos de exclamação.
O que gerou a reação foi um anúncio da Harley-Davidson de que pretende transferir para o Exterior em até 18 meses a produção de unidades hoje vendidas à União Europeia (UE). Na sexta-feira (20), começou a vigorar a tarifa de importação imposta pelo bloco europeu sobre as motos americanas. A sobretaxa de 25% elevou a tributação de 6% para 31%.
A decisão foi uma represália às imposição de igual barreira à importação de aço e alumínio europeus. A tese de Trump é de que Harley-Davidson já teria anunciado a transferência de parte de suas operações do Kansas para a Tailândia, antes do início da guerra comercial que ele mesmo anunciou como "uma coisa boa".
As Harley foram um dos produtos escolhidos pela UE para retaliar os EUA porque a sede da empresa fica em Wisconsin, Estado do líder republicano no Senado, Paul Ryan. O objetivo dos europeus é fazer pressão sobre líderes políticos americanos para que ajudem a acalmar o ímpeto bélico de Trump no comércio exterior.