Ao anunciar um lucro de R$ 244 milhões no primeiro trimestre, 89,8% acima do obtido em igual período de 2018, o Banrisul repetiu um enredo recente no mercado financeiro. Mesmo melhorando indicadores nessa base de comparação, as ações do banco estadual caíram 4,8% ontem, com a avaliação de que o resultado teria vindo abaixo do esperado. Houve ligeira alta na margem financeira (de 8,31% para 8,37%) e menor provisão para liquidação de créditos de recuperação duvidosa – problema que afeta todos os bancos. Na semana passada, algo semelhante ocorrera com o Itaú, que também entregou resultados melhores, mas enfrentou queda nas ações, embora em menor proporção.
– O balanço veio muito mais robusto e consistente, mas o mercado, misteriosamente, nos penalizou – constatou Julio Brunet, diretor de relações com investidores do Banrisul.
Conforme o diretor, a queda nas ações de ontem não tem relação com a polêmica em torno das operações de venda de papéis, alvo de apuração na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Na área técnica do banco, a avaliação é de que a expectativa do volume de tributação do banco era menor do que a efetiva. A tese é de que a diferença se deve à aplicação de regras válidas a partir de 2019 sobre despesas que serão aproveitadas como dedutíveis só no próximo ano. A inadimplência, outro fantasma no setor, encolheu de 5% para 3,43%.
Como os bancos não repassaram toda a redução no juro básico, havia a expectativa de que essa diferença, chamada de spread no setor, impulsionasse os ganhos. Ajudou, mas não pareceu ser suficiente. Conforme o Banrisul, à medida que empréstimos vencerem, haverá "troca de spread por aumento de crédito". Em bom português, margens mais altas dariam lugar a volume. Os clientes torcem por isso.