No final de 2016, fortes rumores sobre a saúde financeira do grupo de investimento formado para dar viabilidade financeira ao Cais Mauá espalharam dúvidas sobre a concretização da esperada revitalização do espaço. Os elementos verificáveis eram a insegurança sobre a liberação do licenciamento e a incerteza sobre a duração e a profundidade da recessão. As suspeitas sobre o destino dos recursos já captados faziam parte do cenário nebuloso que cercava o projeto à época, e nesta quinta-feira (19) merecem a atenção da Polícia Federal.
Incidentes com profissionais ligados ao projeto contribuíram para formar um quadro de temores sobre o futuro do projeto. Os gestores, na época, atribuíam as dificuldades à recessão, que travava negócios mais palpáveis do que um projeto sem qualquer sinal de concretização no curto prazo. Esse perfil de investimento, que embute alto risco, atrai normalmente dois perfis: os visionários, que enxergam futuro onde outros só veem planos, e os aventureiros, que acreditam poder comprar barato e vender caro logo mais à frente.
O papel dos fundos de investimento nesse tipo de projeto é exatamente captar recursos de pessoas, empresas e instituições que buscam esse retorno acima da média de opções de menor risco. Faz parte e é legítimo. O que as investigações ainda terão de mostrar é se o que ocorreu com gestores passados foi uma combinação de fatores negativos ou se as suspeitas de 2016 faziam sentido. Agora, com a mudança no comando e as máquinas trabalhando na área, o perfil de investidor mudou: vai esperar menos retorno, mas com mais segurança. Seria recomendável que o novo administrador se excedesse em transparência para firmar essa percepção.