Com as araras forradas de peças de vestuário made in China, a rede de lojas C&A, de origem holandesa, parece ter entrado em modo "chea de intermediários". A empresa estaria fechando os últimos detalhes de sua venda para investidores chineses. A notícia foi dada pela revista alemã Der Spiegel, conhecida por sua credibilidade. A publicação não cita fontes oficiais da empresa de varejo, mas publica nota evasiva, que não nega a negociação, enviada pela Cofra Holding, empresa que administra as participações da famílias Brenninkmeijer, proprietária da marca global.
Na resposta à consulta sobre a transação, a Cofra afirma que "a constante reestruturação da C&A implica também a exploração de caminhos diversos, para também ganhar impulso em mercados emergentes como a China e a arena digital, e pode potencialmente incluir parcerias e outros tipos de investimentos adicionais externas." Conforme a Cofra, cada região da C&A sondou possibilidades de expansão com "uma série de parceiros, e continuará a fazê-lo, no contexto da estratégia de transformação".
A revista observa que a marca com origem na Holanda vem enfrentando a concorrência forte do e-commerce, enquanto no segmento físico assiste ao crescimento da sueca H&M e da irlandesa Primark. A origem do nome, assim como o da H&M, vem das iniciais dos dois irmãos Brenninkmeijer que a fundaram, em 1841: Clemens e August. Hoje, a família é uma das mais ricas da Europa, com patrimônio estimado em 20 bilhões de euros (R$ 78 bilhões).
Um sinal do aparente recuo da C&A foi identificado em Porto Alegre em 2015, quando a marca fechou uma grande unidade no BarraShoppingSul, em meio a uma disputa entre a administração do empreendimento e os lojistas sobre custos de ocupação de espaço.
A C&A tem cerca de 2 mil lojas na Europa, na China, no México e no Brasil, empregando 60 mil pessoas. Aqui, em 2014 foi condenada a multa de R$ 100 mil por empregar mão de obra em condições análogas à escravidão em Goiás.