Desde 4 de outubro, quando o governo do Estado anunciou a decisão de vender 48,5% das ações ordinárias do Banrisul e 14,2% das preferenciais, até esta quarta-feira (6), quando anunciou o adiamento da oferta, a cotação dos papéis do banco gaúcho mais negociados despencou.
Logo depois do comunicado sobre a transação, a possibilidade de que o Piratini revisse a decisão era motivo de especulações de analistas. Alguns apontavam o risco de perda da "janela" de oportunidade para a operação. O principal indicador da bolsa, o Ibovespa, subiu 23% de janeiro até 11 de setembro, quando quebrou pela primeira vez um recorde em número de pontos mantido há quase uma década. Depois de testar outras máximas, cedeu à volatilidade.
Apesar disso, no período de 4 de outubro até esta quarta, acumula alta de 1,6%. No mesmo intervalo, os papéis preferenciais, mais negociados do Banrisul, caíram 18,2%. Há, portanto, duas forças atuando para frear a oferta.
Uma é a inflexão no movimento da bolsa, que saiu de altas contínuas e sólidas para forte volatilidade. Outra é o comportamento específico das ações do Banrisul. Nesse caso, as razões também têm duas vertentes. Uma é a especulação que dominava o mercado sobre a eventual privatização do banco. O anúncio da venda parcial, acompanhado das declarações de que a venda do controle não estava nos planos do Piratini neste mandato frustrou quem se preparava para uma alta futura comprando ações a preço mais baixo.
Outra razão para a desvalorização específica das ações preferenciais do Banrisul é a percepção de não poucos agentes do mercado que a venda parcial representaria erosão do valor da instituição como um todo. Uma das teses é que, ao fazer a venda parcial, o principal acionista – no caso, o governo do Estado – perderia o ativo mais importante em processos como esse: exatamente o que o mercado chama de “prêmio de controle”.