Há pouco consolo para cerca de 4 milhões de gaúchos que começam a pagar quase um terço a mais na conta de luz a partir desta quarta-feira (20), quando o reajuste deve estar publicado no Diário Oficial. O gráfico abaixo só reforça o quanto está enredado o setor elétrico do país: os reajustes deste ano vão de aumentos de quase 40% a reduções de mais de 20%. O consultor Pedro Machado, da GV Energia, ajuda a explicar:
– No primeiro semestre, concentraram-se as reduções de tarifas, principalmente por conta da redução do repasse da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético, que reúne vários subsídios a eletricidade). No segundo, o que predominou foi a alta no preço da energia provocado pelas escassez de água nas barragens, o que determinou aumentos entre 20% e 35%.
Casos como o da CEA, do Amapá, que ponteia o gráfico com 37% de alta, são específicos porque a empresa, que está na ponta do sistema, é muito dependente de óleo combustível para gerar energia.
Boa parte dos problemas são herança da famigerada MP 579, que antecipou a concessão para empresas de geração e transmissão, gerando custos que ainda serão repassados nos próximos oito anos, detalha Machado. No caso da CEEE-Distribuidora (CEEE-D), o reajuste vai provocar uma situação inusitada: a empresa ficará com a quinta maior tarifa do país, atrás apenas de Celpa, Amazonas, Energisa Tocantins e Santa Maria, de Colatina (ES). Para os consumidores comerciais, a tarifa nas regiões Metropolitana e Sul vai saltar de R$ 356 para R$ 457 por megawatt hora.