Com alta de 3,8% na sexta-feira (15), a estreia das ações da BR Distribuidora – rede de postos da Petrobras – ajudou a bolsa a fechar no azul depois de uma semana complicada. A oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) foi histórica por dois motivos: alcançou a maior soma desde 2013, arrecadando R$ 5 bilhões para a companhia, e deixou o mercado de combustíveis um pouco menos estatal.
Para embolsar esse valor, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, apareceu vestido de frentista na B3, novo nome da bolsa de valores do Brasil, com toda a diretoria. Conhecido pelo perfil discreto, Parente admitiu que ficou surpreso com o "uniforme" da diretoria, mas considerou uma "ótima ideia". A venda das ações, que foi pulverizada, ficou no preço mais baixo do intervalo previsto entre R$ 15 e R$ 19, evidenciando que o mercado está com apetite bastante moderado, até mesmo para um ativo muito valorizado.
A BR tem a maior rede de revenda de combustíveis no país, com mais de 8 mil postos. Se somada à Ipiranga e à Raízen (Cosan e Shell), representa uma concentração de quase 70% do mercado nacional de combustíveis. Esse perfil e a atual situação da Petrobras – endividada e com decisão de arrecadar até US$ 21 bilhões até o final do próximo ano – provocaram críticas sobre o modelo de venda das ações.
A manutenção do controle estatal da rede de postos, dadas as circunstâncias, é considerada desnecessária. A rentabilidade das duas maiores concorrentes, ambas privadas, é melhor, o que vem rendendo reparos à governança da BR.
A gestão de Parente vem se caracterizando por abrir mão de vários negócios – até áreas de exploração de petróleo, prioridade da empresa –, mas essa disposição não foi suficiente para retirar a estatal de um segmento em que a presença da Petrobras não é estratégica.