No primeiro trimestre, a alta do PIB foi de 1%, mas ninguém, a não ser o governo, ousou falar em fim de recessão. Agora, com um avanço muito mais discreto, de 0,2%, essa hipótese começa a ser debatida com mais ênfase. A diferença está nos números, mas não no resultado absoluto. No primeiro trimestre, todo crescimento estava concentrado na agropecuária. Era, portanto, limitado no tempo, à safra, e a um segmento da economia.
Agora, o quadro mudou. Houve resultado positivo, de 0,6%, no setor que representa mais de dois terços do PIB, o de serviços. Além disso, depois de nove trimestres consecutivos de queda, o consumo das famílias também voltou a crescer, 0,7% em relação ao mesmo período de 2016. Entre abril e junho, a redução da inflação e, por consequência, do juro, e o avanço, ainda que discreto e instável, da massa salarial, permitiu que a barreira das compras fosse rompida.
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Os dados do PIB do segundo trimestre não embutem só boas notícias. Uma é bem inquietante. O investimento, retratado no item chamado Formação Bruta de Capital Fixo, ainda recuou 0,7% ante o trimestre anterior e 6,5% na comparação com o segundo trimestre de 2016. É a 13ª queda consecutiva. Não chega a ser surpresa, porque todos os analistas afirmam que a saída da recessão se dará pela ocupação da capacidade ociosa das fábricas, ainda elevada na grande maioria das fábricas. Só quando os sinais forem mais firmes e fortes haverá cenário que autorize investimentos mais audaciosos.
Mesmo com números negativos ainda marcados a fogo nos dados do PIB, desta vez os positivos conversam com a vida real. Sem euforia, o país começa a tentar a lenta e demorada escalada do fundo do poço rumo à superfície.