Em um país mergulhado em recessão profunda, o consumo de energia tende a cair e, em consequência, deixar a necessidade de geração nova em segundo plano. Estaria tudo certo se cerca de 70% do abastecimento não dependesse de hidrelétricas e, portanto, de barragens cheias o suficiente.
Com o nível médio dos reservatórios no Nordeste perto da barreira de 20% (o mais recente boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico, ONS, de 7 de maio, aponta 21,3%), voltou a inquietação com os preços da eletricidade. Para poupar água, o ONS determinou que as usinas não produzam a pleno.
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A situação já provoca dor de cabeça no chamado mercado livre, formado principalmente por empresas. Detalhe: depois do tarifaço de 2015, a contratação nesse ambiente mais do que dobrou: cresceu 122% no ano passado.
E é nesse cenário de escassez que o Rio Grande do Sul espera, ainda para este mês, a solução para destravar projetos de geração eólica no sul do Estado.
No ano passado, por falta de conexão com o sistema, devido ao atraso da obra que deveria ter sido tocada pela Eletrosul, parques ficaram fora do leilão que ocorreria em dezembro. Depois, a concorrência foi cancelada, mas já se passaram cinco meses e... nada.
Segundo a Secretaria de Minas e Energia do Estado, que está no papel de torcedora, falta o acerto final com a chinesa Shangai Eletric. Conforme Eberson Silveira, gerente de Planejamento da pasta, o acordo que envolve obras estimadas em R$ 3,3 bilhões depende apenas de burocracia.
Ainda não há novo leilão à vista, mas os sinais de estrangulamento podem acelerar a definição. A exigência de uma linha de transmissão com capacidade de levar energia até os consumidores surgiu depois que, no Nordeste, vários parques ficaram prontos, mas sem condições de abastecer famílias e empresas por falta de conexão.
A situação atual tem pouco efeito direto no consumidor residencial. Mas aumento na conta de quem produz não demora a aterrissar no bolso de todos.