José Renato Hopf era gerente do Banrisul quando teve uma ideia. Buscou sócios e criou a GetNet, empresa que agitou o mercado brasileiro de pagamentos por cartão e foi vendida ao Santander, em 2014, por R$ 1,1 bilhão. Nascido em Canoas, o empreendedor, que prefere ser chamado de Zé, criou uma nova empresa, a 4all, e faz questão de criar expectativa em torno do projeto, que só será revelado no final do ano. Um dos poucos gaúchos que realizaram o sonho de germinar uma ideia bilionária, Zé Renato diz que escolheu ficar no Estado pelas pessoas e pelo cenário de inovação. Na semana passada, a convite da aceleradora Wow, contou sua experiência a jovens candidatos a empreendedores. Depois, manteve o segredo, mas deu sinais à coluna do que anda aprontando.
"A GetNet foi um aprendizado"
''Quando estamos no meio do turbilhão, nem sempre percebemos a importância da empresa. A GetNet foi um grande aprendizado. Consegui unir o crescimento profissional ao da companhia. Sozinho, não é possível construir nada grande e perene. O papel da liderança é conduzir e trabalhar a melhor estratégia. No começo da GetNet, éramos nove pessoas. Quando vendemos a empresa, tínhamos mais de 2,7 mil colaboradores. O sonho é importante ao empreendedor, tem que ser grande, mas a diferença é que não pode ser apenas um sonho. É preciso haver planejamento e disciplina. Uma coisa que me ajudou muito é ser filho de militar e neto de alemão.''
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"Há uma onda de transformação na sociedade"
''A gente começou a montar a ideia da 4all em 2015. Há uma onda de transformação na sociedade, mas empresas e pessoas não estão conseguindo se conectar adequadamente. As plataformas disponíveis são antigas. Ainda não podemos contar tudo sobre o projeto porque queremos ter um produto muito bem instalado antes do anúncio para o mercado. E porque a ideia é manter expectativas em torno dele. O que posso adiantar é que, no mês passado, foram muitos usuários na nossa plataforma, mas ninguém ainda sabe que está usando a 4all.''
"O gaúcho é empreendedor"
''Acredito que o jogo no Brasil será virado pelo empreendedorismo. O gaúcho, por exemplo, é empreendedor. Escolhi o Estado em razão das pessoas. Temos universidades e iniciativas muito boas, voltadas para empreendedorismo e tecnologia. Conheço as pessoas daqui. O mundo é digital, mas as relações são físicas.''