Para entender como se comunicam alguns dos indicadores da semana que passou, é preciso compreender a mecânica das pesquisas que os geraram. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) apontou que um a cada quatro brasileiros com menos de 25 anos está desempregado. Mesmo quando o Brasil começou a flertar com a ideia de “pleno emprego” e a taxa era de civilizados 4% – quase triplicou, a mais de 11% –, a desocupação nas faixas etárias de entrada no mercado de trabalho era elevada.
Entre os fatores que justificavam a diferença quando a crise ainda não era um fator de redução de oportunidades, estavam a falta de experiência e de especialização. Como se sabe, as pesquisas de desemprego registram quem está em busca ativa por uma vaga. Um dos componentes atuais é a tentativa de reingresso de parte dos “nem-nem” – os que nem estudam, nem trabalham. No passado, tinham renda garantida pela elevação real dos ganhos das famílias.
Dados do grupo de conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea apontam que a proporção de brasileiros entre 14 e 24 anos que não têm trabalho subiu de 20,89% no quarto trimestre de 2015 para 26,36% no primeiro trimestre deste ano.
Um dos últimos sinais a emitir luz de alerta ao longo de 2014, o último ano antes do mergulho na recessão, o nível de emprego tem como característica o “atraso” em relação aos demais indicadores. É atingido depois, mas é o que mais demora a se recuperar depois dos primeiros sinais de retomada. Por esse motivo, especialistas temem que o nível se aprofunde até perto de 13% ainda este ano, mesmo que os tímidos sinais de mudança de perspectiva na economia se consolidem.
Na sexta-feira, uma dessas luzes de esperança piscou, ainda fraca: o Indicador de Investimento da Indústria do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), subiu 0,6 ponto no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior. É quase nada, mas em um cenário em que todos ponteiros se inclinam negativamente, pode reduzir o tempo que os jovens terão de esperar por uma oportunidade.