O WhatsApp mais resolve problemas do que cria. Como é impossível ficar de fora, vamos a umas regras básicas de convívio. Contornando poucas coisas, melhorará a vida de todos. Trata-se de um novo modo de comunicação, para o qual ainda não internalizamos uma etiqueta.
Evite o “Bom Dia!” quando a mensagem for apenas para dizer bom-dia. A maioria da humanidade acorda com a sensação de que todo dia é segunda-feira. Antes de pelo menos uma xícara de café, nós – eu me incluo – odiamos a existência. Alguém alegre não contagia, irrita. Temos vontade de mandar o saltitante matutino levar sua alegria para outras paragens. Se você é feliz de manhã, ótimo, aproveite e guarde essa satisfação para si.
Não mande mensagem salame, aquelas artificialmente picadas. Cinco mensagens para uma frase. Como: (oi!) (está certo) (o nosso encontro) (hoje?) (bjs). Sim, é grátis, pode mandar até palavra por palavra. Quem estiver com o som ativado vai receber uma metralhadora sonora. Produz uma sensação de urgência onde há apenas ejaculação precoce de teclado.
Evite o Caps Lock. Calma, não é uma gíria de tara sexual que você desconhece. É APENAS CAIXA-ALTA. O uso nos indica que o remetente é da quarta idade – às vezes apenas no plano mental –, ou está gritando, ou, ainda, furioso. É o caminho mais curto para não ser levado a sério.
Mensagens de voz são práticas para quem manda e custosas para quem recebe. No corrido do cotidiano, exige parar para escutar. Sem problema, se for a única possibilidade. Mas, se for enrolação, azeda até o buda que habita em nós. É um desaforo contra nosso tempo e paciência. Largue da preguiça e escreva.
Os grupos são feitos para uso restrito. Por exemplo, o WhatsApp do condomínio é feito para mensagens práticas. Observe, práticas e que envolvam o condomínio. Não creio que seja tão difícil entender. Gracinhas, fotos de gatinhos e mensagens para salvar o Brasil e o mundo não são adequadas. Todos temos um grupo para brincar e se indignar, poste lá.
O mais importante: guarde sua sabedoria para quem a pedir. Pense antes se a pessoa do outro lado, numa tarde de terça, está realmente interessada em conselhos para orientar os chacras e se harmonizar com o universo. Ou se, de manhã cedo, quer ouvir a sacação sobre o desapego que você teve na madrugada.
O mesmo vale para a espiritualidade. Ela faz falta no mundo, mas não será por esse meio que melhoraremos a conexão com a transcendência. Esse espaço não é um templo, nem propicia atitude sacra. Diria o oposto, mais dado a excomunhões do que a conversões, o WhatsApp parece habitado por espíritos malignos onde Jesus não se sentiria confortável. Aposto que a boa educação seja o suficiente para diminuir os mal-entendidos de toda comunicação.