O terror não se declara terrorista e nem adepto do terror. Mas é eficaz quando os outros titubeiam ao não chamá-lo pelo que é. Tratar o Hamas como movimento político é pueril. Todo agrupamento terrorista, da Al-Qaeda ao Estado Islâmico, é um movimento político por natureza porque tem por objetivo fazer valer sua ideologia ou fé fundamentalista. O que o torna terrorista é a forma como age.
O Hamas pratica abertamente o terror, cuja definição, por excelência, é produzir violência e atrocidades contra alvos aleatórios com a intenção de criar pânico e impor sua vontade – no caso, a manifesta eliminação de Israel e do povo judeu. Foi terror em estado bruto o que o Hamas espalhou em 7 de outubro ao massacrar civis, mulheres, idosos, crianças e jovens, centenas deles em uma festa ao ar livre. Com a carnificina, o Hamas arrastou Israel para uma guerra que, como toda guerra, é horrenda e sangrenta, interrompeu o processo de paz que estava a caminho com a Arábia Saudita e tenta se embaralhar com o povo palestino e sua legítima causa de um Estado independente, usando-o como escudo para manter a atividade terrorista.
O Hamas precisa - como todo grupo terrorista - ser aniquilado, mas a cada vez que há condescendência com seus métodos ou quando um governo não o define como terrorista ele obtém uma vitória e o terror se realimenta. O governo brasileiro considerou terrorismo o massacre de 7 de outubro mas tergiversa ao carimbar o rótulo de terrorista no Hamas sob a alegação de que o Itamaraty segue a definição do Conselho de Segurança da ONU, logo ele, um organismo tão espezinhado por Lula. Ora, como basta um veto da Rússia para bloquear uma resolução sobre o terror, usar o conselho como biombo é, na prática, ser complacente. A Alemanha e tantas outras democracias não recorrem a subterfúgios: definem o Hamas como grupo terrorista que deveria ser condenado por todo o mundo livre.
Também no campo de batalha é preciso se empregar as denominações corretas. Quando um alvo civil e sem conotação militar é deliberadamente atingido, se trata de um crime de guerra. É o que faz a Rússia na Ucrânia, por exemplo. Quando inocentes, particularmente crianças, são mortos em ataques a objetivos militares, é uma tragédia imensurável, mas em nenhum território conflagrado as populações civis estão imunes aos efeitos da guerra.
Se os terroristas do Hamas não se ocultassem sob alvos civis, a mortandade em Gaza seria muito menor. Só que lutar como um exército regular, com códigos e princípios, não faz parte do ideário terrorista. A estratégia do Hamas é atrair o fogo para os inocentes, explorar as imagens terríveis e, assim, esperar a solidariedade internacional e um levante no mundo islâmico. Se não for erradicado logo, o Hamas vencerá. E o terror não pode vencer.