Uma injeção de humanidade nestes tempos ásperos? Dá uma olhada neste vídeo:
O que tem aqui é o seguinte: James Corden, jornalista, tem um programa de tevê chamado The Late Late Show, na CBS. Nele, há um quadro chamado Carpool Karaoke, quer dizer, karaokê na carona, algo assim. Funciona com o Corden esse dando carona para um sujeito, e no trajeto ele entrevista o cara. Trivial.
Só que nesse endereço citado acima o carona era o Paul McCartney. E o James Corden fica numa alegria que, bem, nem precisa dizer. Os dois passeiam por Liverpool, a cidade natal do Paul e dos Beatles. E vamos à Penny Lane (proposta de tradução ao porto-alegrês: beco do Pila), a própria. Os dois descem do carro e entram numa barbearia, por certo não mais a mesma citada na letra da canção (“Penny lane, there is a barber showing photographs”, etcétera e tal). E depois vão até a casa em que o Paul viveu entre os 12 e os 20. A moradora atual abre a porta e ali está o cara.
Tu te imagina?
Aí o Paul conta que numa certa peça da casa ele e o John fizeram She Loves You. Terminaram, com aquele verso pregnante, “She loves you, yeah, yeah, yeah”, e vão mostrar ao pai do Paul, que era músico, que fumava seu cachimbo na boa. Cantam, ele ouve. E que tal? Diz o pai: “Legal, mas vocês não acham que chega de americanismos?
Acho que tinha que ser “yes, yes, yes”, não “yeah, yeah, yeah””. Tivessem eles dado ouvidos ao velho, o primeiro rock brasileiro teria que procurar outro nome, porque o iê-iê-iê não existiria.
Ah, e tem outra, de chorar de beleza, quando o Paul conta que um dia sonhou com sua mãe, já falecida. O período era confuso na vida do órfão, e a mãe, em sonho, deu um toque ao filho: “Let it be, let it be”, quer dizer, deixa rolar.
Algo que só as mães sabem dizer. Depois veio a canção imortal, de uma beleza que atravessa o tempo e chega intacta e forte a nós, neste tempo turvo.