Quero escrever para você, Ministério Público. Você. Não quero falar com Piffero ou Affatato. Mas com vocês, trabalhadores do MP, que estão investigando o que teve de podre no último reino do ex-presidente colorado. E quero falar para vocês sobre a falcatrua que vocês estão a descobrir sobre o Memorial improvisado pelos torcedores a Fernandão.
Quando acordamos com a notícia da morte do nosso ídolo, usamos a parede daquela peça que existia fora do Beira-Rio — servia, por dentro, para apresentar ao público como seria o Beira-Rio, então em obras — para colocar elementos da saudade que sentimos dele. Cartazes, frases escritas a caneta na parede branca. Foi o que achamos no dia. Foi bonita a homenagem espontânea do torcedor. Foi de coração.
Entendemos que aquele concreto era provisório. Ele atrapalharia o fluxo do novo estádio. Aceitamos a troca pela estátua. Ali, crianças e adultos se emocionam ao se lembrar do capitão. Então, MP, é claro que o que vocês estão desvendando é verdade. Porque vocês não fariam essa sacanagem com a gente. Vocês não nos mostrariam que teve valor anormal pago pelo clube e seus dirigentes da época. Que uma demolição que custaria cerca de R$ 14 mil custou R$ 177 mil. Dinheiro do sócio. Dinheiro da venda de camisa, que torcedores dão de presente de Natal ao pai ou à mãe que os fizeram colorados. Dinheiro do ingresso da pessoa que sai de Chapecó para ver o Inter no Beira-Rio.
Ministério Público, vocês têm noção do tamanho da ferida que está sendo aberta? Vocês estão nos falando que a direção daqueles anos fez sujeira na derrubada da parede que usamos para homenagear Fernandão. É algo muito sujo, MP. Tomara que vocês estejam errados . Que o trabalho de vocês tenha sido mal feito. Tomara. Porque não pode ser verdade.