Você gosta do Facebook. Mas ele não gosta tanto assim de você. É a treta do ano nos EUA e, principalmente, nos países com eleições. Tipo um que tem Carnaval forte e smartphones roubados. À questão: o Facebook é um lugar que espalha notícias, verdadeiras e falsas. Mas não é responsabilizado por isso. Quer dizer, não era. Porque a partir de Trump e Hillary – mais porque Trump venceu – todo mundo ficou "preocupado" com as fake news. Quem perde eleições geralmente não entende aquela máxima de que "na democracia é assim mesmo". Mark Zuckerberg está apavorado. A montagem acima foi feita por um artista americano para a capa da revista Wired. A revista lida com tecnologia, tendências etc. E fez uma bela matéria sobre as dores de Mark.
Todo mundo quer que o Facebook vire adulto. Na internet, ainda entendemos que ali tudo pode, tudo vale. Quase, na verdade. Os limites ainda estão sendo impostos. Mas, quando o Facebook entendeu que, para quebrar o Twitter, precisava entrar no mundo das notícias, não sacou que o tigre, pequenino, estava sendo alimentado. Muito bem tratado. A grande mídia não tinha mais saída. Tinha que estar ali também. Todo mundo tinha que estar no Facebook.
O problema foi que o tigre cresceu. A bandidagem que inventa histórias se aproveitou e começou a mentir. Descaradamente. E Mark só olhando. E lucrando. Bilhões. Você sabe: quer que seu textão chegue em muita gente? Pague. Pague. E pague. Simples.
Por anos, ele foi um dos homens mais ricos do mundo e não deu bola para o que estava acontecendo por ali. Tinha algo de podre no Vale do Silício.
Mas o tigre agora é incontrolável. Zuckerberg tem um problema animal para resolver. O que ele fez? Disse que o Facebook é uma rede para pessoas conversarem. Mudou o algoritmo pela enésima vez. Agora só o que aparece para mim são as fotos dos meus parentes e amigos atirados em cangas na praia. O que parecia ser a maior revolução do Planeta, o espaço mais democrático do universo, o lugar que todo mundo tem voz, na verdade, tem um Deus chamado algoritmo. E esse Deus gosta de sacrifícios chamados dinheiro, grana, bufunfa.
O Facebook continua democrático. Você escreve o que quiser lá (se for um crime, aí você é um idiota e pagará por isso). O problema é que a treta não é poder escrever. É em quantas pessoas isso chegará. Então, por incrível que pareça, se tem pele de tigre, cara de tigre e cheiro de tigre, deve ser um tigre, mesmo.
Uma pena. Porque tinha tudo para dar certo. Tanto que, pela primeira vez em sua história, a maior rede social da história da humanidade está perdendo adeptos. O tigre cresceu. E é furioso.